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Pico – a "Ilha Montanhosa"!

O seu majestoso Pico Alto, com 2352 metros é o mais alto de Portugal, faz com que a ilha do Pico tenha um carácter diferente do das outras ilhas do arquipélago. Também famosa pela tradição da caça à baleia, a ilha do Pico é a segunda maior ilha, tendo uma área de 448 km quadrados (cerca de 46 km de comprimento e 15 km de largura). Em relação às outras ilhas do grupo central, Pico é a ilha que se situa mais a sul, a cerca de 8 km do faial, 15 km de São Jorge, 80 km da Graciosa e 100 km da Terceira.

Enquanto o colossal Pico Alto, com o seu circundante planalto, situa-se na parte ocidental da ilha, o outro maciço, o Planalto da Achada, com várias dezenas de cones vulcânicos, lagoas, pastos e bosques, ocupa a maior parte da zona oriental, chegando a atingir, em vários pontos altitudes superiores aos 1000 metros. As encostas das zonas altas estendem-se gentilmente até à costa, sendo esta rugosa e escarpada, com bizarras formações rochosas, em que as mais impressionantes encontram-se na costa norte, onde numerosos arcos, grutas, fissuras e túneis podem ser vistos. Um magnífico e pecúliar exemplar destas formações rochosas são os Arcos do Cachorro, formação esta, é perfurada por numerosos túneis e grutas, situada na baía com o mesmo nome, na costa noroeste.

O Pico oferece uma boa rede rodoviária, permitindo o acesso a toda a costa e interior da ilha. Pode conduzir passando por zonas de beleza selvagem, com magníficas vistas sobre o Atlântico e ilhas vizinhas, sendo o majestoso Pico, um elemento marcante e sempre presente no seu panorama paisagístico.

Pico é a mais jovem de todas as ilhas do arquipélago, calcula-se que as explosões vulcânicas se tenham dado há cerca de 300.000 anos. Isto explica a sua fina camada de húmus sobre a rocha vulcânica, descoberta pelos primeiros colonos na segunda metade do século XV, quando começaram a cultivar as terras. Devido a estas condições do terreno, o cultivo de árvores de fruta e vinha tornou-se um trabalho muito árduo...e nos dias de hoje continua a ser! Outros testemunhos do passado vulcânico – só nos últimos 500 anos o Pico Alto teve quatro erupções, sendo a última em 1718 – são os inúmeros campos de lava derramado por erupções vulcânicas (chamados ‘mistérios’ pelos ilhéus, pois foi ‘misterioso’ o porquê de tanta má sorte) e rochas negras de lava, que se podem encontrar por toda a ilha. Para recuperar a sua preciosa terra de cultivo, estas rochas de lava foram amontoadas em pequenas pirâmides, as tão conhecidas ‘maroiças’, que acrescentam um interessante aspecto à paisagem do Pico.

Há também um lado positivo na herança vulcânica, as pedras negras de lava foram usadas - desde o início do povoamento até aos dias de hoje – na construção das típicas casas de pedra e de muros, usados para proteger as vinhas dos ventos fortes vindos do mar.

Vivendo a maioria na periferia da ilha onde o maciço vulcânico interior deixou algum espaço, os cerca de 15.000 habitantes cultivaram os pequenos socalcos em zonas de acesso restrito junto à costa, com as principais culturas tem sido frutas, vegetais e vinha. As encostas junto aos maciços vulcânicos estão cobertas de uma valiosa e exuberante vegetação, com urzes, loureiros e cedros prevalecendo. Nas terras altas onde ainda podemos encontrar a floresta Laurissilva – que no passado cobria grande parte das áreas junto ao Mediterrâneo e ilhas atlânticas – a exploração agrícola está quase impossível. A costa norte é densamente arborizada e menos povoada, enquanto a costa sul é povoada até às zonas mais altas e cultivada ao máximo.

A história do Pico está relacionada com a do Faial, devido à sua dependência desta ilha vizinha durante largos anos e ainda nos dias de hoje depende administrativamente do Faial – isto explica o facto de Madalena ser só considerada a cidade principal, mas não a capital da ilha do Pico. Pico foi descoberta pela mesma altura que o Faial e logo após o seu povoamento – inicialmente ao redor da vila de São Roque na costa norte – as primeiras vinhas de Verdelho foram trazidas da ilha da Madeira pelo Frei Pedro Gigante. Este foi o começo da grande tradição vinícola, que no entanto só se desenvolveu depois das erupções vulcânicas de 1718 e 1720, pois o cultivo da vinha em terrenos cobertos de lava era um trabalho muito duro e ingrato. Durante o apogeu da indústria vinícola, o vinho do Pico era apreciado em todo o mundo e exportado para muitas casas reais, mesmo as mais longínquas como a da Rússia, e também para muitas casas nobres europeias. Na segunda metade do século XIX, a indústria vinícola e pesqueira constituíam a maioria dos rendimentos dos habitantes do Pico, no entanto foi a cidade da Horta – capital do Faial – que teve o maior lucro e fama com o vinho, pois era a partir dali que as exportações eram feitas e os barris saiam com o rótulo de “Vinho do Faial”. Nos finais do século XIX, depois da filoxera ter devastado grande parte das vinhas, a indústria vinícola diminuiu e a indústria baleeira tornou-se num importante pilar da economia da ilha. Quando a caça à baleia extinguiu-se em 1983 – antes mesmo da sua total proibição em 1989 – pois deixou de ser rentável, foi substituída pela pesca do atum e indústria de conservas, que até aos dias de hoje é a maior fonte de rendimentos da ilha.

Mapa do Pico
Mapa do Pico
Magníficas vistas
Magníficas vistas
Museu dos Baleeiros
Museu dos Baleeiros
Viticultura
Viticultura

Só com a construção do seu próprio aeroporto em 1982 e investimentos feitos pela União Europeia assim como pelos emigrantes regressados, o Pico teve a oportunidade de aumentar a sua independência do Faial e sustentar as esperanças num futuro do turismo. Devido à sua excelente localização, a ilha do Pico oferece aos seus visitantes a oportunitade de deleitar-se em ver as magníficas baleias porque a sua costa continua a ser uma das favoritas destes mamíferos, dos quais cerca de 20 espécies podem ser vistas nesta área. Com as suas outras grandes atracçãoes, o majestoso Pico Alto e a sua indiscritível beleza selvagem, a ilha do Pico tem tudo para encantar os amantes da natureza que procuram experiências únicas para recordar toda a vida.
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