UM GUIA COMPLETO PARA OS AÇORES

Você está aqui: Início > De ilha em ilha > Corvo – a "Ilha mais isolada da Europa"!

Pagina Seguinte
Corvo – a "Ilha mais isolada da Europa"!

Corvo, com uma área de 17 km quadrados (cerca de 6 km de comprimento e 4 km de largura), é a mais pequena ilha e também a que se situa mais a norte do arquipélago. Formada por um só vulcão, que esteve activo pela última vez há cerca de dois milhões de anos. A distância da sua ilha vizinha Flores (a sul) é de 24 km, a cerca de uma hora de lancha rápida. Em 1993, o seu pequeno aeroporto foi construído, com uma pista que apenas mede cerca de 850 metros, permitindo o tráfico aéreo entre ilhas.

Com o seu diâmetro de cerca de 3,5 km, o Caldeirão, uma das mais imponentes crateras vulcânicas do arquipélago, domina o norte da ilha. Há muito extinta, a cratera atinge o seu ponto máximo no Morro dos Homens (718 metros), que é o ponto mais alto da ilha. As escarpadas paredes escondem a base da cratera numa profundidade de 300 metros. Em direcção à costa norte, oeste e este, as encostas da cratera descem precipitadamente, e apenas no lado sul, onde a Vila Nova do Corvo está situada, as suas encostas tornam-se mais suaves e ondulantes, o que leva a formação de campos de pasto, com gado e cavalos a selvagens a pastar durante todo o ano. Nestas zonas também se cultiva vegetais, milho e melões. A linha costeira do Corvo é extremamente rochosa, com as suas falésias mais ou menos escarpadas, que dificilmente possibilitam a formação de algumas baías, é marcada por pequenos ilhéus e bancos de areia, que sempre foram um perigo constante para a navegação ao longo da história da ilha.... mesmo que alguns dos naufrágios eram provocados pelos próprios colonos.

A descoberta do Corvo está muito ligada com a da sua ilha vizinha Flores, pensa-se que foi por volta de 1450. No entanto, o seu povoamento só se iniciou no século XVI, pois a ilha era muito isolada e não tinha um porto seguro. Com o passar dos séculos, Corvo ficou conhecido como sendo um dos refúgios favoritos dos corsários, pois que que, por uma questão de sobrevivência, os habitantes providenciavam comida e consertavam as suas embarcações em troca de protecção. Vila Nova do Corvo, o centro administrativo da ilha, é a mais pequena comunidade da Europa, com foral recebido em 1832 do Rei D. Pedro IV, em sinal de agradecimento pelo apoio recebido durante os conflitos entre Liberais e Absolutistas.

Os tempos mudaram, quando durante o século XIX começaram a aparecer cada vez mais baleeiros vindos da América, junto à costa do Corvo e recrutaram homens jovens – que tinham a reputação de serem particularmente corajosos – para trabalhar nas suas embarcações. Isto levou ao mesmo tempo à uma grande onda de emigração, que continuou até aos anos 70, e com os emigrantes a enviar dinheiro para sustento das suas famílias, a larga tradição de troca directa chegou ao fim e muitas vezes os ilhéus possuíam mais Dólares do que Escudos.

Só em 1963, a electricidade chegou à ilha e os primeiros cabos de telefone foram instalados em 1973. Até essa altura, as comunicações com as ilhas vizinhas… quando era preciso um padre, médico ou outro tipo de ajuda… eram feitas por rádio e antes disso mesmo através de sinais de fumo.

Mesmo impensável nos dias de hoje – durante o seu apogeu nos finais do século XIX, a ilha contava com cerca de 1000 habitantes. A principal fonte de rendimento para os actuais 400 habitantes continuam a ser a agricultura e a criação de gado, resultando daí a produção de queijo que ainda hoje lidera a lista dos principais produtos. Na realidade, o número de vacas existentes na ilha é mais do que o dobro por habitante! O povo do Corvo é genuinamente simpático e vêem a chegada dos visitantes como uma agradável interrupção na sua vida diária. Como todos se conhecem, não têm segredos entre eles e até as portas das suas habitações nunca estão trancadas.

Devido ao seu relativo isolamento, os habitantes do Corvo conservam o seu próprio dialecto, usando algumas palavras de português arcaico e desenvolveram entre si um forte sentimento de união... nada usual no mundo em que vivemos.

Mapa da ilha do Corvo
Mapa da ilha do Corvo
Caldeirão
Caldeirão
Baía
Baía

Tudo é diferente no Corvo, não há semáforos, tráfico, hotéis, fast food, centros comerciais, anúncios comerciais… nem autocarros. Entretanto, chegaram alguns sinais dos tempos modernos durante os últimos anos: carros, motas e quads substituíram as carroças de burros e até as escolas secundárias têm acesso à internet!

Tudo no Corvo reflecte um mundo diferente daquele a que estamos habituados… não há criminalidade e todos
confiam uns nos outros... Podemos dizer que o Corvo é um paraíso na terra e realmente merece ser
visitado...pode ter a certeza que será bem vindo!
• UM GUIA COMPLETO PARA OS AÇORES •
Pagina Seguinte